quarta-feira, 22 de junho de 2022

Revolta dos Malês

A Revolta dos Malês, o maior levante de escravizados da história do Brasil, completou 187 em 2022. E, como terceira parte de uma série de textos sobre revoltas populares baianas, nós da FAQUIR rememoramos o evento;

No Brasil dos século XVI - XVII, a quantidade de negros escravizados e trazidos a força da África por meio do tráfico negreiro aumentou subitamente, sobretudo os da região do Senegal, da Gâmbia, da Costa do Ouro e da Costa dos Escravos…O Estado Brasileiro tentou ao máximo apagar a cultura desses povos impedindo-os de praticar suas religiões, rituais e festas que aconteciam de forma clandestina. Os escravos ocupavam vários postos de trabalho como lavradores, domésticos, pedreiros, sapateiros, alfaiates, ferreiros, armeiros, barbeiros, vendedores ambulantes, entre outras atividades.

Nesse contexto, composto majoritariamente por malês ( do iorubá, imalê, que significa mulçumano), um grupo de 60 homens que almejavam, em meio a exploração e imposição do catolicismo em Salvador, libertar o líder nagô Pacífico Licutan e instaurar na cidade um Estado Islâmico, saíram em direção a Câmara Municipal de Salvador, onde Pacífico era mantido preso no subsolo. O levante acontecera antes do planejado por conta de uma denúncia.

Após o ataque a prisão não ter tido o resultado esperado, saíram então os revoltosos pelas ruas da cidade convocando os escravizados para um levante pelas ruas do centro sob bala e fogo, acumulando um total surpreendente de 600 homens, (que hoje equivaleria a cerca de 24000 pessoas). A revolta envolveu embates em postos policiais no Mosteiro de São Bento e na Joana Angélica, além de lutas no Terreiro de Jesus e outras partes da cidade… O levante se estendeu em direção ao Pelourinho, Cidade Baixa e rumou em direção ao Subúrbio, mas foram barrados no quartel de cavalaria em Água de Meninos onde ocorreu o último embate resultando, depois de muita luta, na morte de mais de 70 rebeldes e de 10 oponentes.

Essa revolta ficou marcada na sociedade brasileira e fez os governos de todos os estados ficarem, amedrontados perante a possibilidade de novos levantes de pessoas escravizadas, aumentando assim ainda mais seus métodos repressivos. Entretanto o levante também serviu para demonstrar que onde há opressão também haverá resposta, pois o potencial dos oprimidos pode superar e muito o dos opressores e é por meio das classes e povos explorados que o sistema será destruído.


"Sou negra mina, sou nagô, sou jêje, sou pagã e libertária” - Luísa Mahin, revolucionária e articuladora da Revolta dos Malês


PAZ ENTRE NÓS, GUERRA AOS SENHORES!

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