segunda-feira, 18 de abril de 2022

A gente não quer só comida...


O mês de abril inicia trazendo não apenas mentiras, mas também fatos difíceis de engolir pela classe professoral da cidade de Feira de Santana (Bahia). Guardas municipais investiram agressivamente contra professores que ocupavam a prefeitura reivindicando – entre outras coisas – reajuste salarial.

Defender a educação em solo brasileiro sempre foi um desafio extenuante, especialmente em solo baiano onde o REDA (Regime Especial de Direito Administrativo) foi implementado pela Lei nº 6.403/1992, tornando-se instrumento para que a Administração Direta e Indireta pudesse contratar agentes públicos em regime temporário e sem a realização de concurso público – põe como o “novo normal” para a contratação de futuros licenciados condições de trabalhos precarizadas e sem expectativa de qualquer estabilidade para o futuro.

Jornadas de trabalho extenuantes, classes lotadas e sem condições propicias para a docência; essa é a condição para ser professor atuante na Bahia. Vai encarar!? E aqueles “poucos” que encaram (por amor a educação) a tarefa de reivindicar comida no prato e condições dignas de trabalho logo são postos no lugar de “bandidos”. Para além disto, as dificuldades relativas à reinserção das crianças e adolescentes (após 2 anos de pandemia) também tornaram-se uma tarefa para professores darem conta – estudantes semianalfabetos e analfabetos voltam a ser cada vez mais numerosos em sala de aula, citando apenas um de múltiplos exemplos possíveis.


Uma outra realidade problemática é direcionar a educação pública da Bahia a grupos seletos, como os IFs (Institutos Federais) e os Colégios Militares. Mas deixa a gente te mostrar uma realidade; hoje para ser professor de algum Instituto Federal é praticamente obrigatório um doutorado na área específica de docência (sendo que, em tese, um mestrado bastaria), devido não somente ao altíssimo nível de desemprego de pessoas com tal titulação como também ao fato de grande parte do quadro atual de professores dos IFs baianos possuir um doutorado – não que tais profissionais carreguem algum tipo de culpa na situação, em verdade estes simplesmente não encontram muitas opções viáveis em outros lugares após dedicarem pelo menos 10 anos de sua vida às suas graduações.

Já no caso dos Colégios Militares vamos encontrar uma realidade onde o aluno passa por diversas restrições no tocante ao “corpo” e ao “comportamento”, adestrando jovens à docilidade e desde cedo introjetando preconceitos em suas visões de mundo. Dessa vez no município de São Sebastião do Passé (Bahia) o colégio municipal da polícia militar Dr. João Paim considerou que o cabelo crespo não é “adequado às regras”, esse posicionamento surgiu logo após repercussão da expulsão de uma aluna da sala de aula por tal motivo. O desmonte da educação vem favorecendo dia após dia o avanço dessas práticas que remontam a um passado de controle militar sobre instituições, o aparelhamento bolsonarista do MEC caminha a passos largos para normalizar cada vez mais tais práticas violentas nos ambientes educacionais.


Nós da FAQUIR lutamos por uma educação crítica, incentivando a autonomia e autogestão de modo que nossas crianças e jovens tornem-se fagulhas de esperança do alvorecer revolucionário. Vamos sempre gritar bem forte que a gente não quer somente COMIDA NO PRATO, mas também EDUCAÇÃO DIGNA para nossas crianças e jovens!!!

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