terça-feira, 5 de julho de 2022

 


Nós da FAQUIR trazemos hoje no Dois de Julho, dia da Independência do Brasil na Bahia, uma breve nota para relembrar esse importante momento da história do Brasil deliberadamente apagado em alguns outros estado (mas que nunca deixou de ser o maior dos orgulhos para o povo baiano). Desde os tempos da Conjuração Baiana o gosto pelas revoltas populares floresceu no coração do populacho que residia no estado. Não foi Dom Pedro I, montado em seu cavalo de sabre em riste e cercado de guardas, que nos libertou no colonialismo português do qual ele mesmo fazia parte; ao contrário do que faz crer a famosa pintura “Independência ou Morte” de Pedro Américo, as massas populares foram não somente parte ativa como protagonistas do processo de independência derivado de uma tradição de mais de um século de lutas contra a tirania e a exploração.

O famoso dia 7 de Setembro não passa de uma data deliberadamente escolhida pelo príncipe regente da época para bradar não a independência das terras brasileiros da coroa, mas primeiramente a sua própria em relação a sua família. Muito mais que no sudeste, onde a corte agora brasileira vivia segura e alheia a realidade social do Brasil, as lutas mais custosas e importantes se deram na Cisplatina, no Piauí, no Maranhão, no Grão-Pará e, principalmente, na Bahia; nestas localidades estavam a maior parte das tropas e governantes portugueses que foram mortos ou expulsos de volta para o grande mar.

A cidade de São Salvador foi prontamente ocupada após a recusa do príncipe regente em retornar ao seu país em janeiro de 1822. A capital Bahia era a chave para que Portugal mantivesse o controle da produção açucareira concentrada no norte-nordeste independente de qualquer separatismo vindo do sudeste e adjacências; a participação popular na resistência foi grande, mesmo com o estado de sitio, e prontamente cidades recôncavo como Cachoeira e São Francisco do Conde passaram a fazer coro aos clamores e lutas pela liberdade – cidade de Cachoeira chegou a ser atacada por uma fragata portuguesa e foi ai o estopim da série de batalhas que cada vez mais empurravam as tropas invasoras em direção ao mar e posteriormente para fora da baia de Todos os Santos.

É preciso sempre ressaltar o caráter explicitamente popular desses confrontos, com pouquíssima participação militar já que nesta época não existiam tropas regulares propriamente brasileiras. Caboclos, vaqueiros, negros escravizados e libertos, artesãos, trabalhadores urbanos e rurais, etc… Cada vez mais gente se somava a luta fosse nos frontes de batalha ou nas redes de apoio que se construíram pelo estado (como, por exemplo, carne e grãos do sertão para alimentar os independentistas) de modo que apesar de restrita em suas batalhas ao recôncavo e à capital, a guerra mobilizou todo a Bahia fosse do extremo oeste ao Vale do São Francisco ou da Chapada Diamantina ao extremo sul do estado.

E foi na Batalha de Pirajá (que hoje batiza um dos maiores bairros da capital) que as tropas de libertação popular marcharam sobre os últimos resquícios de soldados portugueses em terras brasileiras no dia Dois de Julho de 1823 após mais de um ano de guerra, ocupando as ruas da cidade num suspiro de alívio e comemoração pois finalmente haviam livrado a si próprios do julgo colonial europeu.

E para finalizar nossa homenagem ao Dois de Julho, gostaríamos de relembrar três figuras que se tornaram símbolo máximo da luta e da resistência que corre até hoje nas veias do populacho baiano, especialmente das mulheres baianas;


Joana Angélica (1761-1822), abadessa soteropolitana martirizada durante a luta de independência, enfrentou ela mesma as tropas portuguesas que tentavam invadir o Convento da Lapa em Salvador para capturar rebeldes e feridos que eram escondidos e/ou cuidados pelas freiras.

Maria Quitéria (1792-1853), nascida em Feira de Santana e mais conhecida como “soldado Medeiros”, disfarçou-se de homem e ingressou na luta de independência como parte das tropas voluntárias, foi posteriormente considerada uma das patronas do exército brasileiro em virtude de inúmeros atos de bravura e heroísmo nas linhas de frente das batalhas.

Maria Filipa (????-1873), nascida na Ilha de Itaparica e descendente de pessoas escravizadas, foi uma marisqueira que liderou um grupo de mais de 200 pessoas (em sua maioria indígenas e mulheres pretas) na luta pela independência, queimando 42 duas embarcações portuguesas e posteriormente entrando em confronto direto com os colonizadores.


NUNCA MAIS O DESPOTISMO REGERÁ NOSSAS AÇÕES! PAZ ENTRE NÓS, GUERRA AOS SENHORES!


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