Desde
2019 que está em andamento um projeto de construção de uma linha de transmissão
de energia elétrica de alta tensão denominada “LT 500 kv Porto
Sergipe-Olindina-Sapeaçu C1 e ampliação das Subestações (SE) associadas”, e que tem como objetivo transmitir
a energia produzida na termoelétrica de Porto Sergipe até Sapeaçu. Ou seja essa
é uma obra de grandes proporções que atravessa os estados de Sergipe e Bahia ao
cortar cerca de 25 municípios em seu trajeto. A energia que está prevista de
ser transmitida nessa rede é de altíssima voltagem (500 mil volts) e traz sérios
riscos e perigos por onde passa (inclusive pesquisas
científicas vêm indicando graves riscos para a saúde humana, como o aumento dos
casos de leucemia[1]) por conta do forte campo
magnético que ela gera.
Tendo
isso em vista, é que por questões de segurança regulamentou- se que nos
55 metros em torno da linha e de suas torres serão proibidas construções e uma
série de atividades humanas e produtivas; bem como em um raio de 10 quilômetros
(5 quilômetros de cada lado) é considerada como área que vai ser diretamente
atingida pela obra tanto do ponto de vista ambiental como social.
Se somarmos isso ao fato de que o trajeto planejado pela empresa responsável atravessa diversas Comunidades Quilombolas e Rurais como as de Feira e região como Subaé, Cavaco, Gavião, Paus Altos, Vila Nova, Curral de Fora, Mussuca, Lagoa Grande, Matinha e Candeal; vemos a gravidade desse empreendimento para a vida de centenas de famílias que serão direta e indiretamente afetadas, seja com a remoção de suas casas, ou com a perca de produtividade de suas terras que são de suma importância para a sua subsistência. Há inclusive locais em que o trajeto planejado passa muito próximo a escola ou campo de bola da comunidade.
Todo esse cenário de
ataques contra o modo de existência da vida rural e quilombola, é marcado
também por uma lógica racista que não hesita em degradar a vida da população
preta que subsiste nesses territórios. Sabemos que obras federais como essa são
em grande medida impulsionadas e direcionadas pelos interesses e necessidades
do capitalismo, mas vale ressaltar que elas na prática se conformam como um
modo de ataque muito bem orquestrado contra todas as formas de vida coletiva
que não se alinham à lógica de dominação do Estado e do Capital.
Vemos isso explicitamente
na usina de Belo Monte e em dezenas de outras obras em que o Capital dá o aval
e o estímulo seja por especulação imobiliária, fundiária ou industrial, e o
Estado dá uma roupagem de “legalidade” ao processo de execução da obra (por
mais absurdos que ocorram), ao mesmo tempo que por força da sua violência tenta
garantir que nenhuma resistência impeça o prosseguimento do desmando. A
estrutura política e midiática confirmam a legitimidade de tal feito (quando
muito dizendo que “é um mal necessário”) alegando “o interesse nacional” e com
isso trazem a opinião pública para si, e no final das contas os alvos do ataque
são aquelas populações já empobrecidas pelos processos de exclusão, como as
comunidades quilombolas, povos indígenas, ribeirinhos e tantos outros que não
embarcam na lógica individualista da propriedade privada que o sistema de
dominação atual julga ser o único aceitável.
Tais obras são a ponta de
lança desses ataques contra os povos pretos, indígenas e periféricos, e no caso
da linha de transmissão LT 500 kv, desde o início dessa obra que diversas
comunidades tem se levantado em luta buscando mobilizar sua gente alertando
para a catástrofe que essa obra representa, e também pressionando os órgãos
estatais para barrar esse processo de violência. Para maiores informações:
https://incubadorauefs.blogspot.com/2019/10/e-hora-de-mobilizacao-os-riscos.html
Essa é a lista dos
municípios que serão atingidos, se você souber de alguma comunidade que
possivelmente também vá ser atingida, entre em contato conosco, quanto mais nos
articularmos mais força teremos na luta!
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