terça-feira, 7 de junho de 2022

Nota sobre a repressão na Bahia às lutas dos povos indígenas do estado


 

O 4º Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia, convocado pelo @mupoiba (e coletivo afins), teve lugar no Centro Administrativo da Bahia (CAB) em Salvador entre 26 e 29 de abril; ao longo dos quatro dias diversas mesas e palestras abarcaram preocupações centrais do movimento como educação, gênero, instituições indigenistas, ações afirmativas, representatividade no cenário político, terra e território, movimentos da juventude, religiosidade, luta sindical, direitos dos povos originários, etc…

Um tema especifico que teve forte destaque para nossos militantes que acompanharam o debate foi a questão dos professores e alunos aldeados, e como o sucateamento do ensino público vem atingindo brutalmente essas duas classes (que desde sempre precisam lutar muito para reivindicar o que deveria o ser o básico). Na tarde da terça-feira (26/04) membros de diversos povos se juntaram em marcha pacifica até o prédio da Governadoria do Estado, onde foram violentamente reprimidos pela PM de Rui Costa (PT) simplesmente por reivindicarem seus direitos, os problemas da educação era uma das pautas centrais do ato que o governador do estado e sua força policial queriam calar (para além disso, cabe ressaltar a presença de agentes de segurança pública infiltrados durante todos os quatro dias do acampamento).

A violência ocorrida na manifestação é apenas uma parte da perseguição sistemática do Estado contras as populações originárias, pois tanto na Bahia quanto no resto do Brasil pessoas indígenas são alvo de violência seja contra seus corpos, suas culturas ou seus direitos. Na semana anterior ao Acampamento houve um caso sintomático desta agressão no município de Pau Brasil, a pataxó hã-hã-hãe Priscila Lima de 31 anos e seu marido foram espancados por policiais militares durante uma festa; filmagens da agressão ao casal circularam pela internet e pela mídia, não deixando nenhuma dúvida sobre a atitude criminosa da PM-BA, que como sempre tenta abafar o caso e suas repercussões.

Infelizmente essa é uma luta contínua de diversos povos não somente para resistir, também é uma luta para existir. Mas mesmo com toda a sabotagem e descaso das instituições nossos irmãos e irmãs indígenas seguem firmes, dando verdadeiras aulas de como se construir uma resistência popular combativa, de paz entre nós e guerra aos senhores. Com a benção dos mais velhos e dos Encantados, jovens estudantes e trabalhadores estão chegando junto pra somar forças nesse movimento que reivindica, antes de tudo, respeito.

Outro ponto marcante do Acampamento foi a atuação e o protagonismo das mulheres, e por isso queremos finalizar essa nota com um convite: Entre os dias 10 e 12 de Junho acontecerá o 1º Encontro Regional de Mulheres Indígenas do Extremo Sul da Bahia com a presença de lideranças femininas dos povos Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe e Tupinambá, na @aldeia_pequi localizada no município de Prado. (para mais informações, entre em contato com o perfil da Aldeia Pequi, da @finpatoficial ou com @mupoiba via instagram).

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